DRM-RJ divulga relatório técnico sobre
deslizamento de terra em Sapucaia.
Chuva intensa causou também escorregamento que
matou 22 pessoas
O
Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ) divulgou no dia 18 de
janeiro (2012) o relatório técnico sobre o deslizamento de terra ocorrido no
dia 09/01 em Jamapará, distrito de Sapucaia, na divisa dos estados do Rio de
Janeiro e Minas Gerais, que destruiu oito casas e causou a morte de 22 pessoas.
Segundo o documento, que está disponível no site do DRM (www.drm.rj.gov.br), o
escorregamento não foi um desastre isolado. Outros muitos movimentos de pequeno
a médio volume de solo, rocha e detritos atingiram toda a extensão da Serra de
Jamapará, separada do canyon do Rio Paraíba do Sul apenas pela Rodovia BR-393 e
duas ruas paralelas à estrada.
O escorregamento se enquadra na classe “Parroca”, que acontece quando uma quantidade de material mobilizado no alto da encosta gera uma onda de choque ou força de arraste no material disposto no pé da escarpa rochosa, deflagrando todo o movimento. No caso de Jamapará, foram mobilizados cerca de 3 mil m3 de rocha, solo e detritos, que atingiram a primeira linha de casas na rua dos Barros.
Claudio Amaral, diretor de geologia do DRM-RJ, esclarece que o escorregamento ocorreu devido à combinação de agentes predisponentes e efetivos. Dentre os primeiros, se destacam a morfologia (um paredão rochoso seguido por topo rochoso plano, com uma ligeira concavidade de concentração do fluxo superficial), e a geologia, representada pela presença de lascas de alívio, verticais, na elevação principal, e pelo “sanduíche” formado por camadas de rocha-solo-rocha na rampa que se prolonga até as casas destruídas.
Amaral
destaca que dentre os agentes efetivos, está a chuva antecedente, da ordem de
120mm em seis horas, registrada à 00h do dia 09/01, na estação pluviométrica
mais próxima, em Três Rios, e, principalmente, uma chuva muito intensa, acima
de 50mm/h, no meio da madrugada, que causou também muitos escorregamentos na
cidade mineira de Além Paraíba, localizada na margem oposta do Rio Paraíba do
Sul.
Durante
a chuva intensa que se abateu sobre a região, a água que atingia o topo rochoso
da elevação fluía automaticamente à superfície e descia rapidamente a escarpa
até atingir o “sanduíche” de lascas e solo, acima das moradias, encharcando-o.
A concentração da água neste ponto provocou o aumento da saturação do solo, e
consequentemente, a elevação da poropressão (efeito da tensão da água nos poros
de um solo saturado), reduzindo assim a resistência do solo. Isto favoreceu as
condições para a movimentação de todo o "sanduíche”, que, por força da
gravidade, escorregou sobre as casas morro abaixo.
Finalizados
os trabalhos de limpeza e remoção do material deslizado na cicatriz do
movimento de massa, o DRM-RJ sugere duas opções para a gestão do uso do solo na
área: a execução de obras de estabilização para viabilizar novas ocupações ou a
manutenção da mesma como área não edificante.
- Em
ambas as opções é preciso levar em conta que investigações geológicas e
geotécnicas mais detalhadas devem ser desenvolvidas como base fundamental para
a elaboração dos projetos, e isto inclui topografia, sondagens diretas,
mapeamento de superfície, etc - disse o presidente do DRM, Flavio Erthal.
Além
deste Relatório, uma delimitação definitiva e conclusiva da área, através de
uma Carta de Risco Remanescente a Escorregamentos em Encostas de todo o
Distrito de Jamapará, está sendo executada pela equipe do Núcleo de Análise e
Diagnóstico de Escorregamentos - NADE/DRM-RJ e tem previsão de conclusão em 25
de janeiro.