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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012


DRM-RJ divulga relatório técnico sobre deslizamento de terra em Sapucaia.
Chuva intensa causou também escorregamento que matou 22 pessoas

O Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro (DRM-RJ) divulgou no dia 18 de janeiro (2012) o relatório técnico sobre o deslizamento de terra ocorrido no dia 09/01 em Jamapará, distrito de Sapucaia, na divisa dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, que destruiu oito casas e causou a morte de 22 pessoas. Segundo o documento, que está disponível no site do DRM (www.drm.rj.gov.br), o escorregamento não foi um desastre isolado. Outros muitos movimentos de pequeno a médio volume de solo, rocha e detritos atingiram toda a extensão da Serra de Jamapará, separada do canyon do Rio Paraíba do Sul apenas pela Rodovia BR-393 e duas ruas paralelas à estrada.

O escorregamento se enquadra na classe “Parroca”, que acontece quando uma quantidade de material mobilizado no alto da encosta gera uma onda de choque ou força de arraste no material disposto no pé da escarpa rochosa, deflagrando todo o movimento. No caso de Jamapará, foram mobilizados cerca de 3 mil m3 de rocha, solo e detritos, que atingiram a primeira linha de casas na rua dos Barros.

Claudio Amaral, diretor de geologia do DRM-RJ, esclarece que o escorregamento ocorreu devido à combinação de agentes predisponentes e efetivos. Dentre os primeiros, se destacam a morfologia (um paredão rochoso seguido por topo rochoso plano, com uma ligeira concavidade de concentração do fluxo superficial), e a geologia, representada pela presença de lascas de alívio, verticais, na elevação principal, e pelo “sanduíche” formado por camadas de rocha-solo-rocha na rampa que se prolonga até as casas destruídas.

Amaral destaca que dentre os agentes efetivos, está a chuva antecedente, da ordem de 120mm em seis horas, registrada à 00h do dia 09/01, na estação pluviométrica mais próxima, em Três Rios, e, principalmente, uma chuva muito intensa, acima de 50mm/h, no meio da madrugada, que causou também muitos escorregamentos na cidade mineira de Além Paraíba, localizada na margem oposta do Rio Paraíba do Sul.

Durante a chuva intensa que se abateu sobre a região, a água que atingia o topo rochoso da elevação fluía automaticamente à superfície e descia rapidamente a escarpa até atingir o “sanduíche” de lascas e solo, acima das moradias, encharcando-o. A concentração da água neste ponto provocou o aumento da saturação do solo, e consequentemente, a elevação da poropressão (efeito da tensão da água nos poros de um solo saturado), reduzindo assim a resistência do solo. Isto favoreceu as condições para a movimentação de todo o "sanduíche”, que, por força da gravidade, escorregou sobre as casas morro abaixo.

Finalizados os trabalhos de limpeza e remoção do material deslizado na cicatriz do movimento de massa, o DRM-RJ sugere duas opções para a gestão do uso do solo na área: a execução de obras de estabilização para viabilizar novas ocupações ou a manutenção da mesma como área não edificante.

- Em ambas as opções é preciso levar em conta que investigações geológicas e geotécnicas mais detalhadas devem ser desenvolvidas como base fundamental para a elaboração dos projetos, e isto inclui topografia, sondagens diretas, mapeamento de superfície, etc -  disse o presidente do DRM, Flavio Erthal.

Além deste Relatório, uma delimitação definitiva e conclusiva da área, através de uma Carta de Risco Remanescente a Escorregamentos em Encostas de todo o Distrito de Jamapará, está sendo executada pela equipe do Núcleo de Análise e Diagnóstico de Escorregamentos - NADE/DRM-RJ e tem previsão de conclusão em 25 de janeiro.