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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Rio Paraíba do Sul está com vazão reduzida no trecho da Usina de Simplício.


Duas espécies de peixes que habitam exclusivamente esta região correm o risco de desaparecer

Diversos projetos hidrelétricos foram readaptados pela atual política brasileira de aceleração de crescimento. Muitos deles desconsideraram a participação das populações atingidas ou oportunizam uma atuação meramente formal através de mecanismos como as audiências públicas. Hoje, está havendo os impactos em duas hidrelétricas: a Usina de Simplício, no Rio de Janeiro e Minas Gerais e a de Belo Monte, no Pará. Apesar da distância, ambas estão inseridas num projeto nacional e provocaram a desapropriação de moradores na região. 

A população de Anta e Sapucaia está vendo como será daqui para frente o novo leito do Rio Paraíba do Sul. Atualmente, o Rio Paraíba do Sul, está com sua vazão reduzida no trecho de 25 km, entre Anta e Simplício, por conta da entrada em operação do Complexo Hidrelétrico de Simplício. Com a escassez de chuvas nas cidades por onde o rio passa, a situação se agrava.

Com a quantidade de água que chega está menor e o vertedouro fechado, a água que desce depois da barragem também fica reduzida. Essa água reduzida, que deixa o rio bem baixo, faz ocorrer à piora da qualidade da água bruta do Rio Paraíba do Sul coletada para o consumo dos habitantes ribeirinhos, bem como o risco de desenvolvimento de um quadro de eutrofização, que consiste no aumento de oferta de nutrientes (matéria orgânica) na água, o que pode levar ao hiperdesenvolvimento de algas e cianobactérias nocivas à fauna e flora locais, nas águas do trecho de vazão reduzida (TVR) e nos reservatórios. Essa sem dúvida foi a principal razão para a necessidade da implantação de rede coletora e de tratamento de esgotos em Sapucaia e Anta.

Com o estabelecimento do trecho de vazão reduzida pelo projeto de Furnas Centrais Elétricas S.A. não somente a vazão das águas será menor, mas sua velocidade também. O barramento do rio transformará seus espaços de lótico (rio em corredeiras) para lêntico (rio de água mansa). A ictiofauna do Rio Paraíba do Sul se formou nos últimos milênios atendendo ao bioma fluvial lótico, de maneira que no rio as maiores espécies são de peixes que dependem da piracema, e das águas em corredeiras para a desova e fertilização dos ovos e formação dos alevinos. Sem essas corredeiras a extinção dessas espécies é fato inexorável.

O GATE/MPRJ assevera que pelo menos três espécies de peixes serão extintas no Rio Paraíba do Sul, especialmente no trecho em questão. Dessas três espécies duas são endêmicas no Rio Paraíba do Sul, o conhecido ‘cascudo do paraíba’ e o ‘piabanha’ (Rhinelepis aspera, Cheirodon paraibae e Steindachneridion paraibae), somente existindo nesse ambiente e em nenhum outro lugar no Brasil.


Fonte e Foto: Folha Popular